Metodologia
Foram utilizados quatro microrganismos de interesse clínico: Staphylococcus aureus (SA), Pseudomonas aeruginosa (PA), Escherichia coli (EC) e Salmonella typhimurium (ST). As suspensões celulares foram padronizadas entre 1×10⁶ e 1×10⁸ células/mL, com base em leituras de densidade óptica a 600 nm em espectrofotômetro, utilizando curvas padrão previamente estabelecidas.
As amostras foram expostas à UV-C em placas de 96 poços, por meio de um sistema emissor LED com comprimento de onda de 280 nm. Os tempos de exposição variaram entre 10 e 35 segundos. A avaliação da viabilidade microbiana foi realizada por meio de cultivo em ágar nutriente e ensaio colorimétrico com MTT. As amostras irradiadas por 35 segundos foram posteriormente submetidas a testes de toxicidade em linhagens celulares e em embriões de Danio rerio, conforme as diretrizes da OECD 236.
Resultados
A exposição por 35 segundos foi definida por ensaios de viabilidade em ágar e no teste de MTT, que indicaram redução significativa da viabilidade microbiana (Figura 02, Galeria).
Ensaio de eficácia: A exposição de 25 segundos resultou em inibição significativa da viabilidade celular, com reduções de 96% para SA, ST e EC, e 84% para PA (Figura 02A, Galeria). No entanto, a análise em meio sólido revelou crescimento residual de PA após esse tempo. Com a extensão da exposição para 35 segundos, não foi detectado crescimento de nenhuma cepa, indicando eficácia superior a 90% (Figura 02B, Galeria). Esses achados sugerem que a UV-C promove a inativação microbiana ao comprometer a capacidade de replicação celular.
Ensaio toxicológico: A fim de avaliar possíveis efeitos adversos decorrentes da lise bacteriana, os meios irradiados por 35 segundos foram submetidos a ensaios toxicológicos. Nos testes com células (Figura 03A, Galeria), não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em relação ao controle (PBS), indicando ausência de citotoxicidade relevante. Da mesma forma, nos testes com embriões de zebrafish (Figura 03B, Galeria), não foram observadas malformações nem aumento nas taxas de mortalidade após 72 horas de exposição. A viabilidade embrionária manteve-se acima de 65% em todas as condições, com a menor taxa observada para EC e a maior para ST (87%).
Em suma, a aplicação de UV-C por 35 segundos em amostras com carga microbiana média de 1×10⁷ UFC/mL é eficaz na inativação bacteriana, sem produzir aumento na toxicidade.
Conclusão
A UV-C mostrou-se uma estratégia eficiente, segura e de rápida ação para a desinfecção de água contaminada. O trabalho indicou que a luz UV foi capaz de inativar cepas bacterianas clinicamente relevantes com apenas 35 segundos de exposição. Adicionalmente, os testes toxicológicos não indicaram efeitos adversos significativos, evidenciando o potencial da tecnologia UV-C como alternativa sustentável ao uso de agentes desinfetantes químicos.